Uma delegação da CDU – Santa Marinha e São Pedro da Afurada, contando com a colaboração de cidadãos interessados na temática do ambiente (cuja contribuição agradecemos), deslocou-se à zona adjacente ao Bairro da CP, mais especificamente à envolvente do pequeno vale sito junto deste mesmo bairro e a Norte da Rua Conselheiro Veloso da Cruz, no dia 15 de Junho de 2017.
O objectivo da visita radicou no conhecimento em maior profundidade da zona – das suas potencialidades e problemas, dos seus habitantes, do curso de água que por ele passa.
A Ribeira das Devesas, no dizer dos moradores das suas margens, é mas nem sempre foi uma ribeira: eis porque é pouco identificada ou assinalada nos mapas; só mesmo quem conhecer o seu espaço in loco a encontrará.
Ribeira que outrora fora "um fio de água de rega". Começa a dar provas da sua existência pelo som produzido - sob a Rua Conselheiro Veloso da Cruz, junto ao Bairro da CP. O bairro encontra-se parcialmente abandonado, com casas desabitadas e visivelmente degradadas. Alguns metros por baixo dessa estrada vêmo-la recetáculo de água de duas origens distintas, provindas das piscinas da Barrosa, apresentando-se de cor férrea, e as que vêm da mina de água oriunda do Monte da Virgem. Ao lado direito desta receção de água encontramos um arco, com a data de 1863 inscrita.
A partir daqui, continua a nossa visita - contada na primeira pessoa pelas populações ribeirinhas. Que pouca é, certamente, mas ainda assim com a coragem de partilhar os dramas de Verão e de Inverno. E os vivenciamos durante a visita quer ao nível dos dejetos humanos e lixo sólido, ainda visíveis, vindos através de um escoamento de água que passa mesmo por baixo das casas 15 e 15A da Rua Bairro da CP e que desagua diretamente nesta ribeira; o cheiro nauseabundo pelo derramamento, aparentemente escondido na vegetação, da fossa séptica existente na sua proximidade, faz compulsão de vómito e impede a passagem dos moradores num dos atalhos de rua.
Escusado será dizer que o desaguamento desta ribeira vai para o rio Douro, ferindo de perigo a saúde das pessoas que ali vivem - sendo um ponto de atração de insectos, degradando os solos e devastando a sua biodiversidade.
Todavia, as queixas dos moradores não se ficaram por aqui e foi relatada a existência de cobras vindas do morro que se encontra atrás das casas, morro esse travado do seu desmoronamento por um muro de contenção que se encontra em mau estado - ameaçando ruir e deixando os habitantes em desespero. Dizem-nos que a Câmara alega não ter exato conhecimento do seu proprietário e, como tal, não se dispõe a intervir para resolver o perigoso acumular de matos e outras situações de risco daqui provenientes. Dizem-nos também os moradores que a Junta da União de Freguesia recebe as queixas, limpa um pouco do terreno e efectua arranjos na canalização da Ribeira - mas deveria actuar em maior profundidade; a Gaiurb intervém ocasionalmente, sobretudo para limpar o mato que cresce pelo vale acima, onde foi construído um 'quebra-água' para evitar inundações no Inverno.
É patente a necessidade de um plano que faça deste vale uma zona verde, agrícola e habitacional valorizada.
Na parte Sul do vale, as hortas aí situadas, verdadeiro oásis, estão em terreno privado.
Na parte Norte do mesmo, localiza-se um conjunto habitacional edificado sobre terrenos de diversa propriedade e a própria ribeira, canalizada desde as referidas hortas.
Fica claro que a enterrada Ribeira das Devesas e o conjunto humano que sobre ela e junto a ela vive precisam de um outro olhar e de medidas que sejam eficazes na resolução dos problemas recorrentes e apresentados pela sua população.
CDU Santa Marinha e São Pedro da Afurada, 20 de Junho de 2017
(mais fotos no Facebook da CDU/Gaia)