NI - PCP/Gaia - Formação não é solução para o desemprego - 22.01.2014
Formação não é solução para o Desemprego
Recentemente foi anunciado um "programa" de "combate ao desemprego" em Gaia, inserido no Contrato Local de Desenvolvimento Social, cujos 300 mil euros atribuídos pelo Governo serão destinados a formação e à cativação de empresas para o concelho.
Declarações do actual presidente da Câmara sobre o referido programa apontam a formação como uma resposta ao desemprego, afirmando ainda que este resulta também de "handicaps" dos desempregados.
O PCP repudia esta ideia e a tentativa de responsabilizar aqueles que ficaram sem o seu posto de trabalho, ou os que ainda não o conseguiram arranjar, pela sua própria situação de desemprego.
A verdade é que muitos dos desempregados do concelho são qualificados nas funções que outrora desempenharam nas fábricas e empresas nas quais trabalhavam. São estes que têm "handicaps" e falta de formação que não lhes permite encontrar emprego? Depois da destruição de parte significativa do tecido produtivo do concelho - fruto de sucessivas políticas implementadas por governos nacionais do PSD, CDS e PS, com a cumplicidade da governação local - os trabalhadores especializados, agora sem emprego, têm a sua experiência e conhecimento laborais desprezados e considerados "inúteis" para regresso ao mercado de trabalho. E ainda são individualmente responsabilizados pela sua "incapacidade em encontrar emprego."
A verdade também é que muitos dos inscritos no Centro de Emprego são academicamente qualificados e com formação universitária, principalmente os mais jovens. São estes que têm "handicaps" que serão "colmatados" com formações?
Não é na "falta de formação" ou na "pouca qualificação" ou em supostos "handicaps individuais" que reside o problema do desemprego no concelho. Não é sequer com 300 mil euros que se implementarão políticas sérias de combate ao desemprego e de criação de emprego com direitos. Não é alimentando estágios como solução que se responderá ao drama do desemprego jovem.
Não se pode advogar o combate ao desemprego e, simultaneamente, ser favorável a um alargamento de horário aos domingos e feriados e à implementação do Banco de Horas nas grandes superfícies, factores geradores de desemprego entre os trabalhadores do sector e junto do comércio tradicional. Recorde-se o voto contra de PS, PSD e CDS à Moção apresentada pela CDU na Assembleia Municipal de Gaia, repudiando o Banco de Horas e exigindo a reposição do horário das grandes superfícies aos domingos e feriados.
Assiste-se a uma tentativa de mascarar as reais razões pelas quais o desemprego tem atingido máximos históricos desde o 25 de Abril de 1974, razões que assentam nas políticas destrutivas do tecido produtivo, da economia e dos direitos laborais e sociais, levadas a cabo pelos três partidos que têm dividido o poder nacional e local nos últimos 38 anos.
É na ruptura com estas políticas, na aposta na produção e na criação de emprego com direitos que reside a tão urgente resposta ao desemprego.
Vila Nova de Gaia, 22 de Janeiro de 2014
a Comissão Concelhia de Vila Nova de Gaia do PCP