NI - Gaia na Frente do desemprego - 8.3.2013
Os números mais recentes do desemprego
revelados pelo IEFP são o espelho claro das políticas levadas a cabo por
sucessivos governos PSD, CDS e PS, são consequência inequívoca do Pacto de
Agressão assinado com a Troika pelos mesmos partidos, e são reveladores da
falibilidade das medidas de austeridade levadas a cabo.
Num cenário que não se pode desligar
do panorama nacional e mesmo europeu, o desemprego em Vila Nova de Gaia coloca
este concelho como campeão no grande Porto. De acordo com os números do IEFP,
Gaia apresenta, em Janeiro de 2013, 33.917 desempregados registados no Centro
de Emprego (22,2%), mais 568 do que em Dezembro de 2012 e mais 2.490 quando
comparado com o período homólogo de 2012. Destes, 4.206 são jovens desempregados
com menos de 25 anos, num aumento de 25,9% em relação a Janeiro de 2012.
Sabemos que estes números são inferiores
aos reais, já que não se encontram contemplados os que, mesmo desempregados,
não recebem subsídio, aqueles que se encontram em formação e todos os outros
que, por um qualquer motivo, foram ‘limpos’ das listas do IEFP, mesmo
mantendo-se desempregados. São números cuja crueza traduz a injustiça, a
desumanidade e a barbaridade que resultam das escolhas políticas do Governo
PSD/CDS e também do Executivo Camarário que, com a mesma cor e coligação,
replicam em Gaia aquelas que são as opções de classe de um Governo que não ouve
a voz do povo, mas que segue fielmente os ditames da banca e dos grupos
económicos.
Não há que enganar: este Governo tem
uma “agenda” política a cumprir, que passa por salvar a banca e o capital à
custa do sacrifício dos trabalhadores, reformados e pensionistas, do povo
português, destruindo o presente de milhões de homens e mulheres e hipotecando
o futuro os jovens deste país.
Vila Nova de Gaia tem sido um concelho
fortemente fustigado pelo desemprego nos últimos anos, com o encerramento/insolvência
de várias empresas (como a Molin, Brax, Valsan, Cerâmica de Valadares, Paulo
Mendes, StarBus e a recentemente anunciada GE Powers, entre muitas outras), despedimentos
no Grupo Salvador Caetano, Soares da Costa, Panrico, Falper, Rádio Popular,
Cabelte, para referir algumas das mais recentes. A este “caldo” juntam-se as
centenas de professores e profissionais da educação que, devido à implementação
dos Mega-Agrupamentos Escolares – decisão deste Executivo Municipal – têm agora
o desemprego como a porta mais próxima. A todos estes juntam-se ainda os
desempregados da administração pública (muitos perderam o seu emprego devido ao
encerramento de serviços públicos e de proximidade, como o CTT) e os pequenos
comerciantes do comércio tradicional que, em resultado da perda do poder de
compra dos portugueses vêem as suas vendas decrescer, ao mesmo tempo que são
engolidos pela grande distribuição e esquecidos pela Câmara – que escancara
portas e facilidades a estes grupos (por exemplo, autorizando a abertura das
grandes superfícies ao domingo).
A este grave e preocupante realidade,
a Câmara Municipal responde com um quase absoluto silêncio, interrompido por
roucas palavras de circunstância e com uma passividade e inacção cúmplices,
assistindo ao desmoronar do aparelho produtivo deste concelho, sendo que as
acções que toma são, muitas vezes, contributos para aceleramento desta
destruição, como se pôde verificar no recente processo da Cerâmica de
Valadares.
Desemprego e pobreza andam de mãos
dadas, e em Gaia a situação social das famílias é alarmante, com a fome como
presença constante no cotidiano de muitas crianças.
É inaceitável este “assobiar para o
lado” de governantes nacionais e locais, especialmente considerando as suas
fortes responsabilidades passadas e presentes no actual estado de degradação da
situação económica e social do país e do concelho. Pretendem assim esconder a
mão depois de com ela terem andado a espalhar políticas de retrocesso social e
declíno nacional e local.
A produção nacional, nomeadamente o
seu incremento, assume um papel fundamental na criação sustentável de riqueza e
emprego, capaz de dinamizar vários grandes sectores de actividade. É defendendo
e incentivando a produção nacional que se reduz a necessidade de importações e
que se criam condições reais para o sucesso das nossas exportações, ao mesmo
tempo que se cria emprego.
Algumas das medidas a tomar passam
por:
·
dinamizar o sector das pescas (com uma
renovada frota de pesca e incremento das exportações neste ramo) e da
agricultura, contribuindo para acabar com o ‘défice aimentar’;
·
investir e revitalizar a produção industrial,
nomeadamente siderúrgica, metalomecânica, electromecânica, eléctrica, química,
metalúrgica, têxtil, entre outras;
·
fortalecer indústrias de alta tecnologia:
·
fomentar a investigação aplicada;
·
integrar estas indústrias com um forte sector
de transportes públicos, especialmente sobre carris e marítimo (aproveitando os
recursos e as excecionais condições do nosso país nesta área, com os meios e
infra estruturas adequadas que possam garantir a soberania do país neste
domínio);
Conjuntamente é essencial que sejam
tomadas algumas medidas imediatas de combate à pobreza, como:
·
aumento dos salários (incluindo o aumento do
salário mínimo nacional - no imediato para 515 euros);
·
reposição efectiva dos cortes salariais e dos
subsídios de férias e de Natal na Administração Pública;
·
aumento das pensões, através de uma actualização
extraordinária, com particular incidência nas pensões mais baixas (aumento este
que não pode ser inferior a 25 euros);
·
alargamento do acesso ao subsídio de
desemprego e aumento da sua duração e dos seus montantes;
·
reposição do abono de família retirado às
crianças pelas alterações efectuadas pelo anterior e pelo actual Governo;
As ilusões do ‘regresso aos mercados’
impingidas propagandisticamente por PSD, CDS e PS, esbarram na real situação da
economia nacional e são esmagadas pelos números da recessão económica e do
desemprego.
O Pacto de Agressão troikiano só
trouxe mais recessão, mais desemprego, menos poder ao compra e piores condições
de vida para os portugueses e contribuiu decisivamente para a destruição do
aparelho produtivo nacional.
O combate ao desemprego e ao trabalho
precário, aos baixos salários, às reduzidas reformas e pensões e a dinamização
da economia nacional são fundamentais para inverter este rumo de desastre.
A ruptura com estas políticas é
urgente e indispensável.
A implementação de outras políticas é
premente, necessária e inadiável. Políticas que escolham o lado dos
trabalhadores, dos desempregados, dos reformados e pensionistas, dos jovens e
das crianças, que defendam a economia nacional e o Estado, que assegurem a
independência e soberania nacional e que garantam a todos o direito a uma vida
digna e com direitos sociais e laborais.
Este caminho só será possível com uma
política de alternativa (e não de alternância), patriótica e de esquerda.
Sem outro assunto,
Vila Nova de Gaia, 08 de Março de
2013
CDU/GAIA