5 de julho de 2013

A intervenção da CDU/Gaia na área da Educação



O candidato da CDU, Jorge Sarabando, esteve ontem presente no IV Encontro dos Presidentes dos Conselhos Gerais da Escolas e Agrupamentos do concelho de Vila Nova de Gaia, que teve lugar na escola sede do Agrupamento de Escolas de Oliveira do Douro n.º1, onde apresentou os compromisso da CDU para a área da Educação.

Abaixo transcreve-se a intervenção produzida.


 A intervenção da CDU/Gaia na área da Educação

Os compromissos da CDU na área da Educação para o mandato de 2013 a 2017 requerem algumas considerações prévias.
A primeira é que não falamos “eduquês” nem qualquer dialecto usado por norma por aqueles que teorizam sobre a matéria, mas que não conhecem, e muitos nem querem conhecer, a realidade das salas de aula. Por isso percorremos a maioria das escolas ou agrupamentos escolares do Concelho, auscultámos directores, professores e educadores, pais, funcionários, também alunos, e com o material informativo recolhido apresentámos um “ Mandato Aberto sobre Educação”, cujas conclusões procuraremos integrar nesta intervenção, mas que estão disponíveis para consulta no site da CDU/Gaia. Por isso incluímos nas listas municipais várias docentes com uma rica experiência de prática lectiva. Por isso tomámos como base o teor de numerosos requerimentos e propostas apresentados na Assembleia Municipal, a que a Câmara respondeu ou não, e que constituem um valioso património de intervenção autárquica, sem paralelo entre as forças políticas naquela representadas.
A segunda é que sabemos distinguir entre o que são competências municipais, que não ambicionamos ver neste momento ampliadas, e competências do Governo. A municipalização do sistema educativo, no que respeita a todo o ensino básico e secundário, deve ser ponderada antes de dar novos passos, pois o que mais precisamos é de factores de equidade e não de diferenciação.
Não defendemos a desresponsabilização do Estado e das famílias. Do Estado, através do Governo, porque é o garante do dever constitucional de assegurar o direito à igualdade de oportunidades e todos os direitos constantes dos artigos 73 a 77 da Constituição da República. Das famílias, porque há uma componente afectiva e formativa específica que é insubstituível.
A profunda crise económica e social em que as nossas sociedades mergulharam desde os anos 80 exige mais respostas da Escola Pública mas não pode exigir todas as respostas.
A Escola não é responsável pelo empobrecimento da população, pela desregulação laboral que alarga os horários dos pais e condiciona a sua disponibilidade, e mesmo por uma certa decomposição moral que, entre outras causas bem objectivas, tem conduzido à desconstrução do universo familiar. Mesmo que não quisesse, no entanto, a Escola tem de acorrer a situações extremas, como a fome e carências básicas, assim como, noutro plano, a diversas patologias de origem social, a desvios comportamentais, em geral sem os meios necessários. A tudo tem de acorrer esta Escola que pretendem inclusiva, mas a que sucessivos Governos têm negado os meios e recursos mais elementares. É a crise que bate à porta da Escola, não é a Escola que bate à porta da crise…
Mas há limites. Sendo a missão primeira da Escola educar e formar, não se pode pôr em causa os direitos laborais dos docentes e funcionários, que têm de ser respeitados; por outro lado, não se pode pretender instalar uma dualidade: escolas particulares para os meninos de famílias de mais recursos, e as escolas públicas, com vocação generalista, para todos os outros. Isso seria reproduzir e sedimentar uma sociedade dividida em classes dominantes e dominadas. Para as primeiras ensino de excelência, em ambientes protegidos, para formar as elites de amanhã; para as segundas o ensino da qualidade possível, para formar os destinados a trabalhar para servir as primeiras. Ainda não é uma evidência da actual política, é apenas uma tendência, que tem de ser combatida, à luz da Constituição e dos valores de Abril.
Para a CDU há lugar para o ensino particular, como sempre houve, mas como supletivo e não como substituto do ensino público. Somos contrários a uma lógica assistencialista aplicada à acção educativa, como em diferentes funções sociais do Estado.
Neste contexto, importaria reforçar os meios financeiros, as condições físicas e os recursos humanos das escolas, para cumpriram a sua missão nas difíceis e agravadas condições de hoje. Mas não é o que tem acontecido. O objectivo do actual Governo, agravando a orientação dos anteriores, e em obediência às imposições da Troika e  partidos signatários, é realizar poupanças extraordinárias e, para isso, operar os cortes orçamentais tidos como necessários.
Pouco importa ao Governo que as medidas deles decorrentes possam afectar a qualidade do ensino público e infernizar a vida dos docentes e funcionários. O que interessa é cumprir as metas.
Para isso impôs os mega-agrupamentos e com isso levou ao despedimento de milhares de docentes. O desemprego docente chega já aos 42%. Como se isso não bastasse, decidiu aumentar os alunos por turma, reorganizar os currículos, alargar o horário dos docentes e introduzir a legislação prevista para a Administração Pública conducente à mobilidade e ao despedimento colectivo. Ao mesmo tempo, deixou de contratar novos funcionários recorrendo por sistema aos CEI, com duração máxima de um ano.
As grandes e corajosas lutas dos docentes foram importantes para travar no imediato os impactos mais negativos.
No Concelho de Gaia, há obras urgentes a realizar, designadamente em escolas sitas em Santa Marinha, Valadares, Arcozelo, Pedroso, cujos projectos foram apresentados, em alguns casos, em cerimónia pública, mas entretanto continuam por concretizar, assim como a erradicação dos telhados com fibrocimento.
Preocupa-nos no próximo QREN que se perspectivem investimentos com um excesso de imaterialidade, podendo faltar depois recursos para intervenções físicas mais urgentes.
No que respeita às escolas que são de competência do Município, a CDU, a par de aspectos positivos, tem identificado sérias carências, que requerem a definição de outros critérios e prioridades e outra cultura de gestão.
No final do mês em curso será apresentado o Programa Municipal.
No entanto, desde já manifestamos a nossa oposição ao prosseguimento de uma política que investiu milhões de euros em três núcleos escolares e deixou sem intervenção grande parte da rede escolar – somos contra um concelho a duas velocidades; contra a continuação de listas de espera. Defendemos um programa de emergência que acorra a situações mais graves; uma maior dotação orçamental que evite carências no plano funcional; a melhoria das condições de exercício e desenvolvimento das AEC; uma rede eficiente de transportes escolares.
A CDU defende mais equidade na distribuição dos recursos, mais atenção às necessidades prementes das escolas, mais exigência em relação à responsabilidade da tutela, efectivo diálogo com todos os intervenientes da Comunidade Escolar, o funcionamento regular do Conselho Municipal de Educação.
Por este caminho vamos, mas sempre abertos a todas as sugestões que possam melhor defender a Escola Pública.

Jorge Sarabando
Candidato da CDU à Assembleia Municipal