21 de abril de 2008

Aumento do custo de vida - Texto de IF

Trabalhadores, reformados e desempregados sentem que cada vez sobra mais parte do mês sem dinheiro. São as despesas com a alimentação, com os transportes, com a casa, com os medicamentos, com o material escolar dos filhos. É a factura da água. São os impostos, taxas e tarifas. Tudo está a aumentar mais do que os salários. Segundo o Índice de Preços no Consumidor que o INE vinha utilizando e divulgando, o aumento de preços, entre Fevereiro de 2007 e Fevereiro de 2008 (variação homóloga), foi de 2,86% (arredondando dá os 2,9% divulgado pelo INE), enquanto o valor calculado com base na estruturas das despesas das famílias dos anos 2005-2006 é já superior a 3% (3,03%).

Na variação anual que foi usada pelo Governo PS, com base no Índice de Preços no Consumidor que o INE vinha utilizando e divulgando, a subida é de 2,5%, enquanto, tomando como base a estrutura das despesas das famílias de 2005-2006 do mesmo INE, o aumento já é de 2,8%. É evidente, que quanto maior for o período considerado maior será a diferença.
Por ex., entre 2002 e Fevereiro de 2008, os preços aumentaram em Portugal, segundo o INE, cerca de 15,2%, mas, se utilizarmos a estrutura das despesas das famílias de 2005-2006, a subida já rondará os 17,3%. Ora, quem é que teve tais aumentos nos salários e nas reformas? Poucos. Claro que não falo dos senhores administradores das grandes empresas e da banca!
Os trabalhadores e os pensionistas têm sido “enganados” sistematicamente com as previsões falsas do governo sobre a inflação, sempre inferiores à inflação que depois se verifica. Mas também estavam a ser eram “enganados” com os valores da inflação verificada divulgados pelo próprio INE, pois também estes valores já não traduziam com verdade o aumento real dos preços em Portugal, dado que utilizavam uma estrutura de despesas das famílias completamente ultrapassada.
Por outro lado, a taxa de inflação não é a mesma para todas as classes da população, porque o chamado Índice de Preços no Consumidor de cada classe social depende do peso dos bens e serviços que mais consome. Por exemplo, uma família em que uma parte muito significativa do seu orçamento mensal é utilizada para pagar as despesas com a habitação incluindo os gastos com ela relacionados como são água, gás e electricidade, encargos com empréstimo bancário, etc, se os preços com as despesas com habitação estão a aumentar muito como sucede em Portugal, então a “taxa de inflação” para esta família será muito superior à de uma família em que as despesas com a habitação têm um peso no orçamento familiar muito reduzido. É por isso que, em vários países europeus, são calculados diversos Índices de Preços no Consumidor. Por ex., em França o organismo oficial de estatística, para além do Índice de Preços no Consumidor geral, publica também um Índice de Preços adaptado aos reformados. Em Portugal, devido ao peso crescente dos reformados e aposentado na população total, seria de toda a conveniência que o INE passasse a divulgar também um índice semelhante. Mas o governo não está interessado nisso.
Ilda Figueiredo
Vereadora da CDU na CM Gaia