16 de agosto de 2011

NI - Sobre a Entrevista de Luís Filipe Menezes ao JN – 16.8.2011

 

Contra demagogias e oportunismos políticos

A utilização de meios públicos, nomeadamente camarários, para a promoção pessoal político-partidário, continua a acontecer em Vila Nova de Gaia de uma forma vergonhosa.

O site da Câmara Municipal de Gaia publica, com destaque, a entrevista dada por Luís Filipe Menezes ao Jornal de Notícias de 08 de Agosto.

Uma entrevista cuja conteúdo é quase exclusivamente marcado pela evidente insinuação da sua candidatura à Presidência da Câmara Municipal do Porto. Trata-se de uma entrevista em que as únicas palavras proferidas sobre Gaia são de cariz partidário, nomeadamente quanto à sucessão do próprio do encabeçamento da candidatura do PSD às próximas eleições autárquicas.

Nesta entrevista, o actual Presidente da autarquia de Vila Nova de Gaia coloca a nu a sua visão e forma de encarar a política e o serviço público: como trampolim, barra de lançamento para outros voos, outros objectivos. Esta é a lógica eleitoralista, oportunista e populista de quem não serve, mas, pelo contrário, se serve da política e cargos públicos para fins de promoção pessoal próprios (ou de amigos e correligionários).

O conteúdo da entrevista mostra a total identificação de Luís Filipe Menezes com os objectivos e práticas governativas de imposição de sacrifícios para os trabalhadores e o Povo, e de manutenção das benesses para ricos e poderosos.

Uma identificação que tem em Gaia reflexos particulares, considerando os elevadíssimos níveis de desemprego, as prementes necessidades de investimento público, as profundas assimetrias sociais e as carências bem notórias dentro do próprio concelho de Vila Nova de Gaia.

Esta entrevista, cheia de respostas meramente tácticas e de promoção pessoal, põe em evidência a co-responsabilidade dos agentes do poder autárquico local na não concretização de importantes investimentos públicos que este concelho tanto carece. Põe, assim, em evidência a falta de vontade e de interesse em procurar resolver e encontrar soluções para os problemas que tanto afectam a vida dos trabalhadores, reformados e jovens deste concelho.

Fica também a nu o comportamento da autarquia quanto à utilização de meios públicos para a promoção pessoal e partidária. Esta entrevista em nada se relaciona com Gaia. É um exercício de vaidade pessoal e de tacticismo político.

A sua publicação no site oficial da Câmara Municipal (um site que deveria reflectir a realidade do concelho) é desajustada e eticamente reprovável.

O PCP não pode deixar de condenar tamanha utilização de meios públicos para exibicionismos e vaidades pessoais. O PCP não pode deixar de condenar as práticas deste Executivo Camarário que em nada servem os interesses dos gaienses, quando, em vez de se preocuparem com a cada vez mais difícil realidade que se vive em Gaia, priorizam a dança das cadeiras dos cargos autárquicos e manobras de estética e cosmética, na vã tentativa de disfarçar a podre governação que têm feito.

Vila Nova de Gaia, 16 de Agosto de 2011

a Comissão Concelhia de Vila Nova de Gaia do PCP

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9 de agosto de 2011

NI - Comício Fazer Frente – 9.8.2011

Pela renegociação da dívida, pelo incentivo da produção nacional, em defesa da soberania

Decorreu no passado dia 6 de Agosto na Alameda do Senhor da Pedra, em Gulpilhares, Vila Nova de Gaia, um comício do PCP com a presença de Jerónimo de Sousa, que foi mais um momento demonstrativo da força interventiva e da intensa dinâmica que tem caracterizado o trabalho do PCP.

Com a presença de muitos militantes comunistas e amigos, foram abordadas várias problemáticas concelhias e nacionais, que mais não são do que o reflexo de opções políticas erradas, que contrariam os interesses dos trabalhadores e do Povo, criando e agravando situações de miséria.

Muitos foram aqueles que, sentados nas esplanadas envolventes, ou que simplesmente passando por ali, paravam e atentamente ouviram as intervenções feitas, manifestando a preocupação com o caminho pelo qual Portugal tem sido conduzido.

Com mais de 300 000 habitantes distribuídos por vinte e quatro freguesias, Vila Nova de Gaia tem mais de 28 000 desempregados, numa percentagem superior a 16% - um espelho claro de opções políticas que servem os interesses do dinheiro e de quem o tem, políticas que contam com a cumplicidade e o protagonismo dos membros do Executivo Camarário do concelho.

O concelho vive sob políticas de encenação e show-off, que só pretendem ser medidas de cosmética para inglês ver. As diferenças e desigualdades sociais, os contrastes entre as várias freguesias e dentro das próprias freguesias acentuam-se de dia para dia. As prioridades da Câmara Municipal estão claramente definidas, num rumo que em nada serve os interesses dos gaienses – deixa-se fugir a urgência de cumprir promessas há muito feitas, como a construção do novo Hospital e da linha do Metro que deveria chegar à Vila D’Este; diminuem-se e cortam-se os apoios às associações culturais e recreativas do concelho; cede-se ao grande capital, abrindo as grandes superfícies ao domingo à tarde.

Um concelho cujo Executivo Camarário se demite de intervir em áreas fundamentais, como a área da Educação; que esquece as políticas de apoio social; que aprova valores máximos para as Taxas Municipais; que vota favoravelmente à criação da Taxa de Protecção Civil; que fomenta a proliferação de parques de estacionamento privados sem, na mesma medida, tentar fomentar a rede pública de transportes; que fala da extinção das Empresas Municipais, mas não do que acontecerá aos Administradores destas empresas (somente dos trabalhadores que serão despedidos); que insiste, com chantagem e pressão, em retirar aos moradores da Escarpa da Serras as casas que são de sua propriedade, é um Executivo que baseia a sua acção na demagogia barata e na mentira, não atendendo às necessidades dos trabalhadores, dos jovens, dos reformados de Gaia.

A realidade deste concelho não está desligada da realidade nacional. Uma realidade que se apresenta cinzenta. Mas conforme referiu o Secretário-Geral do PCP, Jerónimo de Sousa durante a sua intervenção neste comício, esta realidade tem luzes de esperança. Esperança alicerçada na confiança existente na luta e na mobilização para a luta. Porque a luta não tira férias.

Durante a sua intervenção, Jerónimo de Sousa falou também do PES – Programa de Emergência Social. Um Programa elaborado por um Governo que pretende ser “mais troikista que a própria troika”, atacando direitos laborais e sociais fundamentais. Um Programa que reflecte um extremo cinismo político, quando tenta esconder que todas as medidas apresentadas conduzem ao empobrecimento de milhões de portugueses e a um profundo agravamento das desigualdades sociais. Um Programa que agride cruelmente a dignidade humana dos trabalhadores, dos jovens e dos reformados, propondo até a cedência de medicamentos para lá dos prazos legais hoje em vigor.

Estas são medidas políticas que rotulam de forma abominavelmente discriminatória todos aqueles que, vivendo numa sociedade cujos governantes defendem interesses económicos, financeiros e especulativos, têm salários, pensões ou rendimentos sociais que não lhes permitem suportar as despesas inerentes às necessidades básicas para uma vida com dignidade.

Este Governo PSD/CDS, com a cumplicidade do PS e com o proteccionismo do Presidente da República, apresenta soluções com uma face de profunda hipocrisia, “oferecendo migalhas ao mesmo tempo que congela salários e pensões, aumenta os transportes públicos e os impostos, rouba metade do subsídio de Natal”.

Estas são soluções e políticas que o PCP combaterá firmemente, apelando à luta dos trabalhadores e do povo, até porque “quem luta pode perder, mas quem não luta já perdeu”.

Este comício foi um retrato disso mesmo, desde a sua afirmação na rua até à sua realização. Uma afirmação que contou, novamente, com atitudes de censura, anti-democráticas, prepotentes e desrespeitadoras da liberdade de expressão por parte da Câmara Municipal de Gaia. Mais cartazes retirados, utilizando os meios públicos e os trabalhadores da autarquia, mais tentativas de silenciamento da iniciativa, da actividade e do protesto do PCP.

Mais uma vez não calaram o PCP – o comício realizado foi uma grande iniciativa de indignação contra políticas feitas para protecção do capital financeiro e especulativo de uma crise que eles próprios provocaram, atacando os trabalhadores e o povo português, hipotecando futuros e colocando em causa a independência e soberania nacionais. Este caminho, como comprovam os exemplos Irlandês e Grego, é um rumo em direcção ao desastre e afundamento, com constantes e renovados sacrifícios, que aprofundam as situações de miséria e as alastram.

Foi um comício que foi palco de soluções e de propostas, porque a alternativa existe e essa assenta num caminho da renegociação da dívida, do incentivo à produção nacional, da valorização dos salários e pensões, na defesa de direitos laborais e sociais, pelo aumento da qualidade de vida dos trabalhadores, dos jovens, dos reformados. Este é o caminho que o PCP apresenta, recusando a subserviência vergonhosa a um acordo que empurra Portugal para o abismo.

É com a firmeza típica do PCP e dos seus militantes, é com a profunda convicção e desinteressada entrega à causa que defendemos, é com a intensa confiança nos valores que nos são próprios, no projecto que queremos construir e no colectivo que temos, que continuaremos na luta, junto dos trabalhadores e do povo, não recuando perante nenhuma adversidade.

Vila Nova de Gaia, 09 de Agosto de 2011

a Comissão Concelhia de Vila Nova de Gaia do PCP

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