25 de junho de 2007

Falemos verdade! - Texto de PT

No último artigo que escrevi para o “Notícias de Gaia”, debrucei-me sobre a Greve Geral convocada pela CGTP, sobre os seus motivos e a sua importância para os trabalhadores.
O Governo, como se sabe, apresentou, pública e falsamente, como tendo sido fraca a adesão dos trabalhadores à greve Geral: afirmaram 13% de adesão para a função pública e 5% para o sector privado.
Assistimos à conferência de imprensa da CGTP, em que se assistiu a interrupções sistemáticas da alguns jornalistas, procurando que se falasse apenas de números e percentagens e não, como seria normal, a interpretação da CGTP sobre a greve. Nalguns canais televisivos, foi mesmo abruptamente interrompida a intervenção ao Secretário-Geral.
Ninguém ficou surpreendido com os comentários à greve pronunciados pelo secretário-geral da UGT, que afirmava mesmo que “esta greve só serviu para enfraquecer a luta dos trabalhadores”, depois de não ter tido a coragem suficiente para estar dois dias antes no programa Prós e Contras a debater com Carvalho da Silva, tendo então ficado bem claro quais as razões da greve, e desmascaradas as posições hostis do Governo contra aos trabalhadores (“flexigurança”), com o apoio dos patrões e, claro está, da UGT.
Admirados ficaram alguns (que não eu) com a posição do Bloco de Esquerda, quanto aos resultados propagandeados pelo Governo.
Os seus dirigentes mais “televisíveis” aproveitaram para criticar o PCP, culpando-o pelo que diziam ser o “fracasso” da greve, dizendo “não ser a altura” para a realização da mesma, e que só se havia realizado por “pressões dos comunistas”, e que os trabalhadores foram “prejudicados”.
Os dirigentes do Bloco faltaram à verdade: a Greve Geral foi decidida dentro da CGTP, em Plenário, por dirigentes e delegados sindicais, alguns deles do BE.
Convém que se saiba que o Bloco de Esquerda foi o único partido que colou cartazes de incentivo à Greve Geral e que Francisco Louçã esteve à porta de algumas fábricas a “incentivar” os trabalhadores a aderirem à greve. Estamos entendidos!...
Em Vila Nova de Gaia, foi ilegalmente retirada propaganda da CGTP onde esta apelava à greve geral; o Presidente da Câmara prometeu, em reunião pública, a fazer recolocar os panos retirados. Não o fizeram; também por aqui estamos conversados.
É ainda de salientar que todos os apelos à greve, nos dias que a esta se seguiram, foram rapidamente apagados, procurando que não ficasse qual rasto.
É claro que não conseguiram, nem conseguirão, com este acto, apagar os efeitos da greve geral.
O que fica para a história é que existiu uma Greve Geral, e que, apesar das grandes pressões sobre os trabalhadores, muitas não só ilegítimas como até ilegais, a adesão à greve por parte rondou um milhão e 400 mil trabalhadores, ou seja, a maior manifestação que este Governo do PS já enfrentou em dois anos.


PS- O Governo, passados 20 dias da Greve Geral, acaba de assinar um acordo com a FESAP/UGT, sobre o novo sistema de vínculos, carreiras e remunerações para a Administração Pública, pondo assimem causa a segurança no emprego para que imperem os despedimentos e a insegurança. Tomei nota.

Paulo Tavares