NI - CDU/Gaia - Portugal é um país que foi empobrecido - 06.04.2013
A Crise e a  Produção Nacional
Portugal é um  país que foi empobrecido
    
Decorreu na passada quarta-feira, dia 3 de Abril, um Debate promovido pela CDU/Gaia, cuja  actualidade e pertinência do tema, A Crise e a Produção Nacional, traduziu-o numa  iniciativa participada, e com troca de  ideias entre os participantes – militantes do PCP, amigos e simpatizantes  da CDU.
    
O debate contou com a  presença de Jorge Sarabando, actual  eleito na Assembleia Municipal e primeiro  candidato à Câmara Municipal pela CDU, e João Ferreira, Eurodeputado pelo PCP.
    
Num momento em que a alarmante taxa de desemprego do concelho  coloca Vila Nova de Gaia no topo do desemprego nacional, é incontornável a responsabilidade de PSD e CDS que, na Câmara e no  Governo, têm aplicado políticas que conduzem ao desastre social.
    
Quando uma Câmara Municipal decide em favor das  grandes superfícies, liberalizando os seus horários ao domingo e  licenciando arbitrariamente a abertura destes estabelecimentos, condena, inevitavelmente, o comércio  tradicional ao desaparecimento e promove desemprego. Quando uma Câmara  Municipal sobreavalia terrenos fabris,  transformando-os em terrenos viáveis para construção; quando permanece inerte perante o encerramento de  unidades industriais do concelho (Brax, Molin, Valsan, Valadares); quando nada faz perante sucessivos despedimentos  em várias empresas ou constantes pedidos de lay-off; quando escolhe a política  da cosmética e da propaganda; quando mente aos gaienses, fazendo promessas que  não cumpre; quando extingue freguesias,  dando assim um contributo decisivo para o fim de muitos serviços públicos e de  proximidade; quando escolhe fazer obras de visibilidade, mas que pouco ou nada  responde às necessidades efectivas da população; quando aprova a implementação de Mega-Agrupamentos escolares, não restam  dúvidas em afirmar que a agenda política  deste Executivo Camarário anda em linha com a do Governo. Partilham a cor  política e a escolha de classe. Colocam-se ao lado do grande capital e da  banca, e com as suas opções políticas atacam os direitos, a qualidade de vida e  a dignidade dos gaienses. Esta foi uma das muitas ideias partilhadas no  debate, cuja discussão foi alargada para uma escala europeia.
    
É inegável a influência  das directivas comunitárias na situação actual do país. Portugal é um estado submisso, dependente, com políticas são decididas  contra os seus interesses e contra  os interesses do seu povo, por instâncias supranacionais, essencialmente  dirigidas pelo grande capital transnacional e por um conjunto de estados mais  fortes e mais ricos, o que ameaça seriamente a soberania e independência  nacionais. E de futuro, no Conselho da União Europeia, 6 Estados-membro deterão  70% dos votos.
    
Portugal é hoje um país que foi empobrecido, não por via de ter  perdido riqueza, mas porque as  imposições externas da União Europeia e as políticas internas de PSD, CDS e PS  foram destruindo a capacidade produtiva existente.
    
Hoje, Portugal tem uma agricultura que sofreu alterações profundas  e cuja produção é bastante menor que as necessidades de consumo. Desde a adesão de Portugal à então CEE,  perderam-se 41 explorações agrícolas por dia, nos primeiros dez anos desta  adesão foi abatida 36% da frota pesqueira e reduzida 40% da captura de pescado.  Ignorando o facto de Portugal ser o país da Europa com maior zona de mar para  pesca, PSD, CDS e PS acenaram afirmativamente a estas políticas. Aceitaram e  contribuíram também para arruinar a indústria do país, cujo contributo para o  PIB é actualmente de 15% quando antes da adesão à União Europeia era de 30%. As políticas europeístas, conforme o PCP  afirmou na altura, só fragilizaram Portugal - sendo políticas capitalistas,  estão orientadas para a sobreposição dos países mais desenvolvidos e  economicamente mais fortes, sobre os restantes.
    
O debate abordou também a  questão da moeda única, tendo sido reconhecido que a adesão ao Euro, conforme o PCP previu, só veio destruir a economia  nacional: o desemprego mais que duplicou, o poder de compra caiu a pique, o  país está há uma década sem crescimento económico, o endividamento externo  disparou, a produção industrial caiu 14%. Acontecimentos semelhantes aos da  Grécia e Espanha. A União Europeia está cada vez mais carregada de  desigualdades. Actualmente Portugal é  consumidor dos países do centro e fornecedor de mão-de-obra barata. 
    
No debate foram também  faladas e analisados caminhos para o futuro. Caminhos que defendam os  interesses nacionais, que rompam com estas políticas. Foi mencionada a  necessidade de recuperar instrumentos de  política económica e cambial, recuperar sectores estratégicos da economia para  o Estado. Foi afirmada também a importância  da soberania e independência nacionais, rejeitando firmemente imposições  externas e federalismos.
    
A saída para a crise passa por colocar Portugal a produzir, de uma  forma planificada, utilizando os recursos e as capacidades existentes  orientadas para servir as necessidades do povo. Passa também por uma  distribuição social e mais justa da riqueza criada, melhorando a qualidade de  vida dos portugueses.
    
Só é possível defender os  interesses de um país quando se defende afincadamente os interesses do Povo. E  só se defende os interesses do Povo quando se defende os interesses dos  trabalhadores.
    
Vila Nova de Gaia, 06 de Abril de 2013
    
CDU/GAIA