Sob a nudez forte da verdade - Texto de JS
A aprovação nos órgãos municipais, sempre garantida pela maioria absoluta que os gere, do Plano e Orçamento para 2008 ofereceu mais uma ocasião para aferir a distância que vai entre a visão idílica que nos é apresentada e a crua realidade da vida no Concelho.
A visão de um imenso dinamismo, de projectos em catadupa, inaugurações em série, por vezes de simples maquetes de obras a haver, acontecimentos feéricos (mas de glória efémera), a ideia instilada de um município na frente, na vanguarda, único e melhor que os outros, e agora, como novo "élan", o estimulante anúncio de um "novo ciclo de realizações", depois da fase de instalação infra-estrutural.
Aí estão os "campus" escolares em perspectiva, servidos na bandeja de um novo paradigma de educação, supostamente introduzido em Gaia pela actual maioria, a intervenção estratégica na frente ribeirinha, mais vias, novamente a reabilitação do Centro Histórico – agora é que vai ser… – , entre tantas outras obras dependentes do QREN, das flutuações da conjuntura.
A realidade é outra – o estado das escolas, dos edifícios públicos, as falhas no apoio social, arruamentos impróprios, a selva de cimento em expansão, a falta de resposta a carências, o incumprimento de promessas, tudo acompanhado de fortes aumentos de taxas, tarifas, impostos, derramas e preços da competência municipal, e que agravam as condições de vida num concelho que tem dos mais elevados índices de desemprego e de pobreza.
Não estão em causa boas intenções e esforços de quem tem a responsabilidade de gerir a autarquia. Mas o seu discurso contrasta cada vez mais com a realidade.
Constituem, por isso, bom motivo de reflexão as palavras de Rui Tavares, no “Público”, relativas a um certo dirigente estrangeiro mas aplicáveis a quem melhor conhecemos:
“Diz-se que os líderes carismáticos conseguem produzir uma coisa chamada ‘campo de distorção do real’. O líder entra na sala, faz um discurso, fala do futuro, e o pessoal não só acredita, como se sente já experimentando esse mesmo futuro. Depois o chefe vai embora, e a realidade continua. Às vezes muda, às vezes não; a maior parte das vezes muda pouco ou quase nada.”
A visão de um imenso dinamismo, de projectos em catadupa, inaugurações em série, por vezes de simples maquetes de obras a haver, acontecimentos feéricos (mas de glória efémera), a ideia instilada de um município na frente, na vanguarda, único e melhor que os outros, e agora, como novo "élan", o estimulante anúncio de um "novo ciclo de realizações", depois da fase de instalação infra-estrutural.
Aí estão os "campus" escolares em perspectiva, servidos na bandeja de um novo paradigma de educação, supostamente introduzido em Gaia pela actual maioria, a intervenção estratégica na frente ribeirinha, mais vias, novamente a reabilitação do Centro Histórico – agora é que vai ser… – , entre tantas outras obras dependentes do QREN, das flutuações da conjuntura.
A realidade é outra – o estado das escolas, dos edifícios públicos, as falhas no apoio social, arruamentos impróprios, a selva de cimento em expansão, a falta de resposta a carências, o incumprimento de promessas, tudo acompanhado de fortes aumentos de taxas, tarifas, impostos, derramas e preços da competência municipal, e que agravam as condições de vida num concelho que tem dos mais elevados índices de desemprego e de pobreza.
Não estão em causa boas intenções e esforços de quem tem a responsabilidade de gerir a autarquia. Mas o seu discurso contrasta cada vez mais com a realidade.
Constituem, por isso, bom motivo de reflexão as palavras de Rui Tavares, no “Público”, relativas a um certo dirigente estrangeiro mas aplicáveis a quem melhor conhecemos:
“Diz-se que os líderes carismáticos conseguem produzir uma coisa chamada ‘campo de distorção do real’. O líder entra na sala, faz um discurso, fala do futuro, e o pessoal não só acredita, como se sente já experimentando esse mesmo futuro. Depois o chefe vai embora, e a realidade continua. Às vezes muda, às vezes não; a maior parte das vezes muda pouco ou quase nada.”