NI do PCP/Gaia - 1º Maio e a abertura das grandes superfícies -
O actual momento político, os sucessivos sacrifícios impostos à classe trabalhadora e ao Povo, para proteger interesses do grande capital, reforçam a importância e a actualidade do 1º de Maio e de todas as lutas e valores que lhe estão associados.
Num momento em que se agravam os problemas sociais, em que se agudizam as diferenças de classe, em que aumenta significativamente o desemprego e a precariedade; num momento em que os jovens não têm perspectivas de futuro; num momento em que não pára de aumentar a população que vive abaixo do limiar da pobreza; num momento em que se assiste a um assalto feroz a sectores fundamentais do Estado, insistindo na sua privatização e cedendo a pressões do capital, colocando assim em causa a soberania, a independência e o futuro de um país; num momento em que se insiste em fazer dos trabalhadores o alvo principal, atacando direitos conquistados, e que não podem ser retirados; hoje, em que sucessivos PEC’s foram impostos por PS, PSD e CDS, hipotecaram o desenvolvimento, o emprego e as condições de vida dos trabalhadores e das populações.
A resposta a este cenário foi dada pelos milhares de trabalhadores que desfilaram de norte a sul do país, manifestando o seu protesto e a sua indignação contra os constantes ataques que têm sido desferidos na sua direcção. Ontem, milhares de pessoas exigiram a retirada do FMI de Portugal, exigiram o aumento da produção nacional, o respeito por direitos conquistados na Revolução de Abril e consagrados na Constituição da República Portuguesa, exigiram o direito ao trabalho e ao trabalho com direitos.
Ontem, Dia Internacional do Trabalhador, pela primeira vez desde o 25 de Abril de 1974, o grupo Sonae e o grupo Jerónimo Martins abriram as lojas Continente e Pingo Doce, exercendo pressão sobre aqueles trabalhadores que, legitimamente, pretendessem gozar o seu feriado e se recusassem a trabalhar.
Vila Nova de Gaia não foi excepção. O Executivo Camarário, quando questionado, na Assembleia Municipal do passado dia 27 de Abril, sobre a sua posição política face a este realidade, mostrou, mais uma vez, a sua subserviência ao poder económico, manifestando que não iria tomar qualquer posição contra esta decisão.
Submetem-se assim, aos interesses daqueles que apresentam lucros escandalosos à custa da exploração dos seus trabalhadores, que vivem uma realidade de trabalho precário, de baixos salários, de pressão laboral. Submetem-se assim aos interesses daqueles que pretendem uma flexibilização do horário de trabalho poderá ir até às 12 horas/dia e 60 horas/semana, aqueles que destroem o comércio tradicional e que, ao contrário do que se quer fazer crer, não criam postos de trabalho, mas contribuem largamente para a precariedade e o desemprego.
Ontem, no Pingo Doce da Avenida da República, em Vila Nova de Gaia, a Jerónimo Martins entregava aos seus clientes um documento que informava o porquê da abertura neste dia 1 de Maio, utilizando de forma intolerável, abusiva e demagógica, o argumento da crise em Portugal, e afirmando que o “direito à greve não se deve sobrepor ao direito ao trabalho e que a adversidade só será superada com espírito de sacrifício e sentido de responsabilidade.”
Este é o mesmo grupo económico cujos lucros cresceram 40% em 2010.
O PCP afirma o direito à greve, o direito à indignação, o direito ao protesto e o direito ao trabalho, mas afirmamos ainda um trabalho com direitos: sem precariedade, com salários dignos, com horários de trabalho que respeitem a vida familiar e as horas de lazer de quem trabalha.
A adversidade falada no documento distribuído ontem nos Pingo Doce, não deve ser superada à custa daqueles que trabalham, que menos podem e a quem são dirigidos os pedidos de ‘sacrifícios’, palavra tão em voga ultimamente.
A superação desta adversidade, desta crise actual, passa pelo incentivo à produção nacional, pela elevação das condições de vida dos trabalhadores (incluindo os trabalhadores das grandes superfícies), pelo aumento das reformas e pensões, pela aposta em serviços públicos de qualidade, contrariando esta onda de privatizações, que irão conduzir a retrocessos sociais.
O PCP condena e repudia veementemente a atitude tirana dos senhores da grande distribuição, considerando que a mesma representa um retrocesso secular de direitos consagrados e conquistados no mundo laboral.
O PCP condena e repudia veementemente a cedência e a subserviência do Governo e da Câmara Municipal de Gaia aos interesses dos senhores da grande distribuição, contra os trabalhadores e contra o povo.
O PCP manifesta a sua solidariedade com a luta destes trabalhadores contra este vergonhoso ataque aos seus direitos, sabendo que a mesma não ficará por aqui. É altura de dizer basta.