15 de outubro de 2007

Conferência de Imprensa - Balanço de meio mandato e situação actual da Câmara 12-10-2007

Depois de cerca de um mês sem reuniões do executivo municipal, e quando estamos a meio do mandato, consideramos importante dar-vos conta da reflexão que fazemos sobre a actual situação.
Nestes dois anos de mandato acentuaram-se algumas características que já se faziam sentir no mandato anterior: o crescimento do endividamento da autarquia, o aumento de empresas municipais, fundações e agências, acompanhado da multiplicação de lugares para novos amigos e velhos compromissos, o recurso crescente a aumentos excessivos de taxas e tarifas sobrecarregando cada vez mais os munícipes gaienses, com destaque para a factura da água, saneamento e lixos, taxas de acesso, taxas de feiras e mercados, e o registo dos contadores de água nos bairros municipais.
Entretanto, aumentaram os buracos nas ruas, agravou-se a situação dos pavimentos e dos poucos passeios existentes, persistem as carências de equipamentos para crianças e idosos, mantendo-se Gaia como um dos municípios do País com pior cobertura em termos de centros de dia, jardins de infância públicos e parques infantis.
Continua a faltar uma política integrada de valorização do património construído e da cultura, de que o degradado Atelier Soares dos Reis e o complexo da Fábrica Cerâmica das Devesas são exemplos.
Mantém-se a insensibilidade para os problemas do quotidiano das populações, seja no centro histórico, na Serra do Pilar ou nos bairros municipais, seja nas Freguesias do interior, na urbanização de Vila D`Este ou na Afurada.
É verdade que algumas obras, pelas quais lutámos durante anos, foram concluídas, como o Cine-Teatro Brazão, em Valadares, ainda sem um programa permanente, e a Piscina de Lever. Tem avançado lentamente a construção de alguns equipamentos e infra-estruturas da responsabilidade da Administração Central e de empresas públicas, com destaque para o Metro, o Centro de Saúde de Canidelo, o nó da Arrábida e as vias da marginal, mas continuam em falta obras importantes como o centro de saúde em Pedroso, as novas esquadras da PSP e da GNR, o novo hospital público, a reabilitação do centro histórico.
Acentuou-se a cedência à especulação imobiliária e aos grandes interesses económicos com reflexo no aumento do caos urbanístico, mesmo em zonas que tinham resistido ao longo dos anos, como a Granja e outras zonas do litoral e da beira-rio, agravando as desigualdades e assimetrias no crescimento do concelho, enquanto prossegue a campanha de propaganda de obras muitas vezes prometidas e sucessivamente adiadas.
Perspectiva-se um agravamento da especulação imobiliária, com o arrastar da aprovação do PDM, à espera que os grupos financeiros apresentem os seus projectos de construção para que, só depois, o Executivo decida sobre os planos de urbanização, como está a acontecer em Canidelo.
O agravamento da dívida municipal e a multiplicação de despesas pela via das inúmeras entidades municipais, torna o município desesperadamente dependente das taxas de urbanização de construções especulativas, o que, a médio prazo, terá consequências desastrosas na qualidade de vida em Gaia, com o caos urbanístico instalado.
Por outro lado, as populações das zonas populares degradadas sentem-se cada vez mais abandonadas por terem também de suportar taxas elevadas sem que beneficiem de serviços e investimentos municipais adequados.
Este é também o mandato em que a CDU voltou a ter representação no executivo municipal, o que tem permitido um maior debate dos problemas das populações, como o reconhecem os moradores e os trabalhadores que a nós recorrem e com quem falamos nas inúmeras visitas que realizamos pelas diversas freguesias. E aí verificamos que há um agravamento da situação social, resultado também das políticas governamentais, com um elevado desemprego, trabalho cada vez mais precário e piores apoios sociais, designadamente na saúde.
Por isso, a nossa actividade vai prosseguir levando aos órgãos onde temos eleitos (Câmara, Assembleia Municipal e Freguesias) as preocupações das populações e as propostas para um desenvolvimento equilibrado do concelho.
E, naturalmente, sublinhamos que as novas responsabilidades do Presidente da Câmara não lhe podem fazer esquecer a especial responsabilidade de ser presidente do executivo do terceiro maior município do País, o que implica uma maior participação nas reuniões e trabalhos dos órgãos municipais eleitos, no respeito pelos outros eleitos e pela população do município e não se ficar por meras cerimónias de representação.
Aproveitamos para informar que a CDU vai realizar um Encontro Autárquico Concelhio no próximo dia 3 de Novembro.

Presentes:
Ilda Figueiredo
Jorge Sarabando
Ana Valente