Os "profetas da desgraça" - Texto de PT
Decorria o ano de 2002.
Na Yazaki Saltano assistia-se ao despedimento de trabalhadores, e em simultâneo abria em Marrocos uma unidade fabril desta empresa (tendo muitos trabalhadores portugueses da Yazaki sido destacados para dar formação aos trabalhadores marroquinos).
A CDU, na Assembleia Municipal de Gaia, através de Ilda Figueiredo (então Deputada Municipal e actualmente vereadora na Câmara Municipal) alertou para aquilo que podia ser um grave problema no futuro: a deslocalização definitiva desta empresa para outros países, com o consequente despedimento de centenas de trabalhadores a laborar no Concelho de Gaia.
Infelizmente os deputados da maioria PSD- CDS/PP não deram a a importância merecida ao assunto.
Ilda Figueiredo, já então deputada do Parlamento Europeu, colocou esta questão em Bruxelas, pois a Yazaki Saltano é uma das empresas que recebeu subsídios da União Europeia, do Estado Português e das autarquias onde construiu duas unidades fabris (Vila Nova de Gaia e Ovar).
Em 23 Janeiro de 2003, o Presidente da Câmara, Luís Filipe Meneses, visitou a Yazaki onde reuniu com a administração da empresa, mas não reuniu com os representantes dos trabalhadores. À saída da reunião anunciou: 1) que era mentira que estavam a haver despedimentos; 2) criticou aqueles que designou de "profetas da desgraça", acusando-os de estarem a mentir. Salvo erro, terá mesmo afirmado que "O Parque Jurássico existe entre alguns agentes políticos e sindicais que ainda vivem antes da guerra fria"...
Não existiam pois, na opinião do Presidente da Câmara, razões para preocupação; os postos de trabalho de mais de cinco mil pessoas (no total das duas unidades de Gaia e de Ovar) não se encontravam em perigo...
Admito que o (ainda) Presidente da Câmara se tivesse pronunciado com base nas afirmações da administração daquela empresa; mas certamente teria sido útil ouvir igualmente os trabalhadores, o que não fez, optando ainda pela via do insulto.
E Agora?
O Presidente da Câmara, para além de não aparecer nas Assembleias Municipais, passa literalmente ao lado dos problemas. O que fez para contrariar esta situação? Numa palavra: nada.
Passados quatro anos, no total das duas unidades de Gaia e de Ovar existem menos de 1700 postos de trabalho.
Na Yazaki em Serzedo, Vila Nova de Gaia, chegaram a laborar mais de 3000 pessoas. Actualmente são 400, estando previsto o encerramento desta unidade. Isto, a acontecer, será muito mau para Gaia, o terceiro maior Concelho do País, e cuja taxa de desemprego é, já hoje, das maiores do distrito do Porto e do País.
Relativamente a este problema, ainda não ouvi o presidente da Câmara e actual líder do PSD manifestar-se. Substitui-o nas declarações - sem quaisquer resultados práticos - o Vice Presidente.
Quanto àqueles que foram chamados de "Profetas da desgraça", vão continuar a trilhar o seu caminho e a lutar, sempre, na defesa dos direitos dos trabalhadores e dos seus postos de trabalho.
Paulo Tavares
Na Yazaki Saltano assistia-se ao despedimento de trabalhadores, e em simultâneo abria em Marrocos uma unidade fabril desta empresa (tendo muitos trabalhadores portugueses da Yazaki sido destacados para dar formação aos trabalhadores marroquinos).
A CDU, na Assembleia Municipal de Gaia, através de Ilda Figueiredo (então Deputada Municipal e actualmente vereadora na Câmara Municipal) alertou para aquilo que podia ser um grave problema no futuro: a deslocalização definitiva desta empresa para outros países, com o consequente despedimento de centenas de trabalhadores a laborar no Concelho de Gaia.
Infelizmente os deputados da maioria PSD- CDS/PP não deram a a importância merecida ao assunto.
Ilda Figueiredo, já então deputada do Parlamento Europeu, colocou esta questão em Bruxelas, pois a Yazaki Saltano é uma das empresas que recebeu subsídios da União Europeia, do Estado Português e das autarquias onde construiu duas unidades fabris (Vila Nova de Gaia e Ovar).
Em 23 Janeiro de 2003, o Presidente da Câmara, Luís Filipe Meneses, visitou a Yazaki onde reuniu com a administração da empresa, mas não reuniu com os representantes dos trabalhadores. À saída da reunião anunciou: 1) que era mentira que estavam a haver despedimentos; 2) criticou aqueles que designou de "profetas da desgraça", acusando-os de estarem a mentir. Salvo erro, terá mesmo afirmado que "O Parque Jurássico existe entre alguns agentes políticos e sindicais que ainda vivem antes da guerra fria"...
Não existiam pois, na opinião do Presidente da Câmara, razões para preocupação; os postos de trabalho de mais de cinco mil pessoas (no total das duas unidades de Gaia e de Ovar) não se encontravam em perigo...
Admito que o (ainda) Presidente da Câmara se tivesse pronunciado com base nas afirmações da administração daquela empresa; mas certamente teria sido útil ouvir igualmente os trabalhadores, o que não fez, optando ainda pela via do insulto.
E Agora?
O Presidente da Câmara, para além de não aparecer nas Assembleias Municipais, passa literalmente ao lado dos problemas. O que fez para contrariar esta situação? Numa palavra: nada.
Passados quatro anos, no total das duas unidades de Gaia e de Ovar existem menos de 1700 postos de trabalho.
Na Yazaki em Serzedo, Vila Nova de Gaia, chegaram a laborar mais de 3000 pessoas. Actualmente são 400, estando previsto o encerramento desta unidade. Isto, a acontecer, será muito mau para Gaia, o terceiro maior Concelho do País, e cuja taxa de desemprego é, já hoje, das maiores do distrito do Porto e do País.
Relativamente a este problema, ainda não ouvi o presidente da Câmara e actual líder do PSD manifestar-se. Substitui-o nas declarações - sem quaisquer resultados práticos - o Vice Presidente.
Quanto àqueles que foram chamados de "Profetas da desgraça", vão continuar a trilhar o seu caminho e a lutar, sempre, na defesa dos direitos dos trabalhadores e dos seus postos de trabalho.
Paulo Tavares