Cinco anos depois - Texto de JS
5 anos depois, depois de 5 milhões de refugiados, de 1 milhão de vítimas da guerra, de 1 milhão de crianças (segundo a UNICEF) sem escola, de 4 mil militares norte-americanos mortos, a ocupação militar do Iraque revela-se como uma das maiores tragédias humanitárias de sempre.
Uma ocupação ordenada a partir de um embuste tão desmedido como a ambição dos seus autores, em primeiro lugar o Presidente Bush e o seu acólito Blair.
Porque eles sabiam - e hoje sabe-se que eles sabiam - que não havia no Iraque armas de destruição massiva, cuja posse foi usada como preterxto para a invasão.
Porque eles sabiam que entre o Governo de Saddam e a Al Qaeda não havia qualquer articulação, ao contrário do que apregoavam como um argumento mais para a agressão.
Foi urdida uma colossal mentira, com o necessário suporte mediático, para legitimar uma operação militar que, à revelia da ONU e do Direito Internacional, tinha como objectivos precisos a garantia do controlo de fontes e rotas do petróleo e uma projecção de força num decisivo espaço estratégico.
Os falcões de Washington, como Wolfwitz ou Rumsfeld, declaravam, em tom angélico, que se tratava de instaurar uma democracia e os direitos humanos no Iraque. Mas do que se tratava, isso sim, era da cínica expressão de um duplo critério.
Porque a ditadura de Saddam só se tornou inconveniente e maléfica nos últimos anos, pois antes, quando prendia e matava os militantes comunistas e outros democratas, ou enquanto guerreava o Irão, era então apoiada pelos Estados Unidos, tratada como parceira e amiga, fornecida de um imenso arsenal de armamento; era então uma "boa ditadura".
Não é a Democracia nem os Direitos Humanos que preocupam o Governo de Bush e os dos seus antecessores, pois se o fosse não apoiavam o Reino da Arábia Saudita, onde não há eleições livres para um Parlamento e às mulheres não é sequer consentido conduzir um automóvel, nem criado, armado e financiado o exército taliban para servir os seus desígnios no Afeganistão, ao tempo da presença soviética. Bin Laden era então, também ele, um "bom terrorista".
O que move os governos de Bush e os dos seus antecessores é o rendimento das indústrias bélicas, em particular a produção de armamento ligado à guerra aérea. É o rendimento das empresas destinadas à formação militar e à segurança. É o rendimento das empresas de construção civil, pagas para reconstruir o que as bombas antes destruíram.
Mas o mais grave e trágico desta situação é que membros actuais ou antigos da Administração norte-americana têm interesses pessoais em tais empresas.
Quanto mais tempo durar a ocupação norte-americana e dos seus fiéis aliados, mais vítimas inocentes haverá.
O povo iraquiano merece toda a nossa solidariedade.
Jorge Sarabando
Deputado Municipal da CDU
Uma ocupação ordenada a partir de um embuste tão desmedido como a ambição dos seus autores, em primeiro lugar o Presidente Bush e o seu acólito Blair.
Porque eles sabiam - e hoje sabe-se que eles sabiam - que não havia no Iraque armas de destruição massiva, cuja posse foi usada como preterxto para a invasão.
Porque eles sabiam que entre o Governo de Saddam e a Al Qaeda não havia qualquer articulação, ao contrário do que apregoavam como um argumento mais para a agressão.
Foi urdida uma colossal mentira, com o necessário suporte mediático, para legitimar uma operação militar que, à revelia da ONU e do Direito Internacional, tinha como objectivos precisos a garantia do controlo de fontes e rotas do petróleo e uma projecção de força num decisivo espaço estratégico.
Os falcões de Washington, como Wolfwitz ou Rumsfeld, declaravam, em tom angélico, que se tratava de instaurar uma democracia e os direitos humanos no Iraque. Mas do que se tratava, isso sim, era da cínica expressão de um duplo critério.
Porque a ditadura de Saddam só se tornou inconveniente e maléfica nos últimos anos, pois antes, quando prendia e matava os militantes comunistas e outros democratas, ou enquanto guerreava o Irão, era então apoiada pelos Estados Unidos, tratada como parceira e amiga, fornecida de um imenso arsenal de armamento; era então uma "boa ditadura".
Não é a Democracia nem os Direitos Humanos que preocupam o Governo de Bush e os dos seus antecessores, pois se o fosse não apoiavam o Reino da Arábia Saudita, onde não há eleições livres para um Parlamento e às mulheres não é sequer consentido conduzir um automóvel, nem criado, armado e financiado o exército taliban para servir os seus desígnios no Afeganistão, ao tempo da presença soviética. Bin Laden era então, também ele, um "bom terrorista".
O que move os governos de Bush e os dos seus antecessores é o rendimento das indústrias bélicas, em particular a produção de armamento ligado à guerra aérea. É o rendimento das empresas destinadas à formação militar e à segurança. É o rendimento das empresas de construção civil, pagas para reconstruir o que as bombas antes destruíram.
Mas o mais grave e trágico desta situação é que membros actuais ou antigos da Administração norte-americana têm interesses pessoais em tais empresas.
Quanto mais tempo durar a ocupação norte-americana e dos seus fiéis aliados, mais vítimas inocentes haverá.
O povo iraquiano merece toda a nossa solidariedade.
Jorge Sarabando
Deputado Municipal da CDU